“Tem veneno aqui.
Há motivos de tanta ausência e possíveis justificativas para isso. Te digo e repito: Eu mudei. E essa mudança, pela primeira vez, consigo senti-la, dia após dia, acontecer. Mudança boa ou ruim, vai depender do ponto de vista. O melhor de tudo que nem precisei usar veneno algum. Certas vezes o silêncio é uma arma letal, e confesso, ultimamente é a minha preferida. Querendo lembranças, sentimentos e sorrisos. Mas sinceramente, cansei. Cansei, sabe? Eu amei tanto, mas tanto, que por muito tempo, deixei de me amar. Cansei de ser a mesma, cansei de ser ingênua. Gritei com a cabeça o que o coração já não entendia. Queimei cartas, guardei fotos, excluí conversas. Eu mudei, sim, eu mudei. Admito que não esperava ficar assim. Parei de falar com as pessoas, foi melhor pra mim, evitei decepções. E aprendi o poder do silêncio. A mudança, boa ou ruim, foi a frieza. Afirmo com convicção: Sou fria mesmo. Sabe o que dizem sobre sentir? Não quero mais saber. Vejo um monte de garotas por aí que dizem amar alguém que conheceram tipo um mês atrás no shopping. Amor? Chamam isso de amor? Amor tem uma idosa de oitenta anos, pelo seu marido da vida inteira. Amor tem uma mãe pelo seu filho. O resto é genérico e camuflado. Pra mim, o amor tá se esgotando, se esgotando mesmo. Tô sendo rigorosa? Fria? Só enxergando a realidade. O silêncio, que é mais uma armadilha, torna o caos certo. E sabe esse silêncio? Vai incomodar, mas do outro lado da história. O ponto é: agora eu não faço mais questão é de nada, absolutamente nada. É horrível, admito. Justo eu que vivia não no mundo da lua, mas em outra galáxia. Outra dimensão, outra vida. É quase incompreensível para os ainda leigos. Mas olha, eu ainda estou aqui, viva. O problema é que antes o que me inspirava já não me inspira mais. Juro, juro que tento sentir, só para ver se eu ainda vivo como vocês. Mas agora eu tô na Terra, e vocês na galáxia. Agora o futuro, o futuro só Deus dirá. Vai depender do que eu farei questão ou não de sentir, e se eu vou deixar essa mudança me congelar por completo. Por enquanto, deixo rolar. Fria, racional, mas ainda um pouco ingênua, como sempre fui. E do resto que ficou para trás, passado. Daqui para frente, novas mudanças. Lembre-se que você não precisa de muitas palavras pra alcançar as pessoas […] Tem veneno aqui.” (doce₪inverno)
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